segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Somos o que não somos




Somos tudo aquilo que não somos,
Insistimos naquela idéia;
de que não ser o que somos é uma regra
para que a vida social seja aquilo
que você não quer,
mas por razões não suas, necessitas delas para
uma vida aceitável dentro de um
parâmetro estético de consumo,
onde somos aquilo que consumimos,
nada mais que isso, somos cartões de crédito,
debito ou um boleto de crediário
onde perderemos nosso sono em 32 parcelas de insônia.
Assim nessa história de juros e sem juros,
deixamos de ser o que poderíamos ser,
jogamos no ralo nosso futuro e nosso poder
de determinar nossas próprias vidas
e fazemos isso em bares, bocas, ruelas e esquinas,
cada copo de cerveja ou pinga,
cada tragada no seu cigarro legal ou ilegal
carrega de si, em prestações diárias,
aquele teu suspiro de vida repleto de liberdade.
De uma forma ou outra consumimos nossas vidas
nessa sociedade onde a doença é um hábito diário
onde a vida somente tem um único objetivo;
a sua espera monótona pela morte.

Em prestações de depressão perdi não só meu sono,
como uma parte da vida que deveria ser vivida
e perdi em lamentações que não são minhas,
em uma necessidade de ter que não é natural do ser.
Perdi um sorriso, um dia sono bem dormido,
derramei lágrimas que talvez não devessem ter sido derramadas,
pois ninguém pode ter o poder de ser em tua vida
a danação dos teus sonhos, o fim dos seus encantos
e nem a perdição de teus sorrisos.
Sempre deixamos nossas vidas serem consumida por coisas
que não são nossas, mas que de alguma forma achamos que são.
Vivemos procurando a felicidade em outras pessoas, ou em coisas,
que não carregam em si nenhum traço de alegria.
Nossa felicidade caminha dentro e não fora de nós,
somos felizes por sermos aquilo que somos
e não por aquilo que querem ou desejam.
De muitas formas podemos perder nosso sono
com parcelas de crediários, ou até mesmo,
ao sentir-se solitário, sem o conforto de um braço amado,
mas tudo isso é pouco para que se perca o sossego de um sonho
teu e não comprado em uma dessas lojas de crediário.

Eduardo Andrade

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