segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Canto à Paraty




Suas ruas tem em cada grão de poeira
a história de séculos de um povo caiçara,
tem em cada pedra o sentimento dos
que ali passaram passeando ou traficando ouro.
Em tuas praias encontra-se recanto de paz plena,
beleza em forma de esmeralda marinha.
Sim, é bela porque és verde
e suas montanhas são muralhas intransponíveis
que generosamente presenteiam suas águas
com sua cor verde de floresta soberana,
que teu mar sabiamente reflete em cor de esmeralda celeste.
És uma cidade dos séculos
e feita foi para ser contemplada de forma onisciente
por aqueles que vagueiam por tuas ruas atemporais,
és uma alameda de paixão para os que amam,
tens em sua paisagem os ingredientes necessários para que o amor seja pleno.
Sua baía é sinônimo de pluralidade,
abundancia de vida encontra-se em teu mar,
o que te faz ainda mais viva,
o que te faz ainda mais linda.

Queria desfragmentar-me em múltiplos pedaços
para que assim pudesse ser parte de cada tijolo
que compõe teus muros seculares,
seu murado que presenciou o transcurso da história,
que viu amores, revoltas e horrores,
viu também o saque do ouro para as metrópoles,
viu o trabalho escravo do negro,
viu o trabalho compulsório dos caiçaras
e a opulência dourada dos “senhores da terra”,
isso tudo é o que te faz cidade do tempo,
te faz ainda mais viva para aqueles que vivem
em tuas terras pouco livres.
Mesmo não sendo para todos teus filhos
tua abundancia marinha alimenta tua gente,
sua terra cede os frutos necessários para aqueles que nela vivem e trabalham,
mesmo com todas as desigualdades que tens, cidade esmeraldina,
tuas belezas naturais fazem de ti uma mãe sábia para teu povo
distribuindo-lhes praias de peixes diversos,
rios repletos de cachoeiras com a mais pura água doce,
és cidade verde de esmeraldas florestais.

Que histórias se escondem em tuas vielas,
em cada praia que te constitui,
em cada rio que deságua no teu mar,
quantos enigmas existem em tu, cidade secular,
que te faz tão misteriosa,
quantos segredos se ocultam em tuas brumas,
quantas lágrimas foram derramadas em tuas ruas?
Assim se faz uma cidade para si,
se faz um município para todos
e um centro para mim.
Um dia ei de escrever minha história
em tuas ruas seculares,
fazer poemas em cada murada
tua cidade paratyana,
quero amar minha amada em teus mares
fazer sexo em tuas cachoeiras
e ler um livro nas areia de cada praia que te faz bela,
cidade literária, cidade gastronômica, cidade da cachaça,
és praiana, serrana, tens os mais belos frutos da terra,
por isso sou por essa cidade encantado e apaixonado,
sou Paraty mesmo não sendo de Paraty.

Eduardo Andrade.

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