domingo, 16 de junho de 2013

Sonho de uma noite sem sono

Na madrugada de uma noite fria
Encontro todos os sonhos
Que não sonhei em meu sono.
Na penumbra de uma rua,
Na ausência da lua
Apenas sou junto ao vento
Que sopra essa mesma nota
Com a mesma constância sonora.

Numa calçada de pedras lusitanas
Caminho pensando que meu sono
Possa estar perdido entre pedras
De um passeio, onde só, peregrino por sonhos
Que não pude sonhar em meu descaço.
Sono meu que já não é mais meu
Por onde caminhas nessa estrada
Pavimentada de inconstâncias?

Sonho fora do sono
Na inconstância de um andar pela trama,
No movimento de passos dados longe da cama,
Em esquinas de ruas vazias
Numa noite sem lua
Transitando em ruas de aparência suja,
Junto aos poucos que caminham um passo torto
Bambeados pela cadência do sopro.

Vento que faz o relento,
Que assopra o tempo,
Que molha os olhos
Com a chuva que alaga as ruas,
Trazendo nuvens que sonegam a lua.
Tempestade trazida pelo sopro do vento
Junto com raios de tormentos,
Com trovoadas de momentos.

Noite fria madrugada vazia,
Rua repleta de pessoas remotas
Embriagadas por inúmeras doses
De sonhos bebidos longe do sono,
Esquecidos logo após o tombo
Em que perdemos a memória dos sonhos
 Tragados na esquina do pecado,
Junto aos bêbados do acaso.

Sopro no meu rosto,
Vento no meu dorso
Que limpa a poeira do tombo
Naquela noite esquecida nos sonhos,
Na ausência do sono
Facilmente trocado por tragadas de descaço.
Perdi a noite em copos abarrotados
De goles de passados encapotados.

Sem fronhas e nem travesseiros
Longe da cama eu sonho
Acordado em um bar de anônimos
Localizado na Rua do Antônio,
Esquina com a Rua dos Antônimos,
Paralela a Avenida dos Sinônimos
E provavelmente em alguma delas perdi meu sono
Em um logradouro em que se esquece os sonhos.

Enfim talvez tenha chegado o fim
Desse que escreve sonhos remotos
Longe do sono que tanto pesa os olhos.
Talvez tenha chegado o momento
De descanso após tanto tombo
Que omitia a hora do repouso.
Mais uma vez ao raiar do dia durmo
Deixando na rua tudo que sonho.


Eduardo Andrade

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