Há muito um
grito vem sendo abafado
Coagulado nas
gargantas dos descalços,
Há muito que
berramos silenciosamente
Nossas agonias
na calada da noite,
Há muito somos
dominados por nossos medos
E assim
cultivamos a mudez em nossas bocas
Para calados
contemplarmos a desgraça do descaso.
Há pouco
percebemos que somos muitos
E que nosso
coro pode ser muito mais que um sopro
Há pouco
compreendemos que unidos somos muito mais
Do que poucas
flores em um jardim,
Que juntos somos
a primavera,
Somos um jardim
sem fim.
Agora que
somos a primavera
Nosso coro é
o vento que traz o novo,
A tempestade
que carrega o velho,
Que transforma
a agonia em pretérito.
Para além do
horizonte enxergamos
Um futuro,
antes distante,
E que hoje
se abre em nossa fronte.
Agora que
somos despertar da aurora
Enterremos com
o crepúsculo
Os escombros
do velho mundo.
Tracemos nós
a rota do novo mundo,
Façamos de
nossa primavera
Um grito de
luz no escuro.
Eduardo Andrade
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