segunda-feira, 8 de julho de 2013

Rio Companheiro

Rio de águas profundas,
Janeiro que desaba em chuvas.
Rio de ruas noturnas,
Janeiro e depois fevereiro.
Cidade onde a poesia
É parte ativa desse rio de ruas,
Rio de versos sambados nos botecos
Onde os significados são diversos.
Janeiro que pinga nas ruas
Lágrimas de choro da lua.
Rio cidade para além de janeiro,
Que ferve em fevereiro
Com a euforia dos festejos.
Cidade desespero,
Onde as ruas alagam
Em janeiro, março e fevereiro.
Rio cravado de montanhas,
Repletas de favelas
Ocupada pela polícia
Que fazem da viela
Um rio de sangue
Para além do mês de janeiro.
Rio de culturas,
Rio de labuta,
Rio das putas,
Dos moradores de rua,
De alguns magnatas
Que não são filhos das putas,
Rio do operário
Apertado em trens diários,
Rio sem salários,
Rio sem Rio,
Rio de sorriso oprimido.

Mas não só disto
É composto o Rio
Que nasceu em Janeiro,
Não só de balas
É feita esta morada.
Cidade onde desperta a alvorada,
Cidade de punhos erguidos,
Cidade onde reverbera o grito
Dos oprimidos, dos excluídos.
Rio rubro
De águas bravias,
Povo na rua
Com ideias na cuca,
Rio revoltoso,
Rio rebelado,
Rio de vinagre
Contra bombas do governante.
Rio resistente,
Rio imponente,
Rio que se ergue em pedras
Frente à borracha
Das balas do Estado.
Cidade combativa,
Rio imperioso,
Cidade rebelada,
Rio Companheiro,
Rio de Janeiro.


Eduardo Andrade

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