quarta-feira, 9 de outubro de 2013

No vazio

Quando cruzei o ponto final
Deparei-me com um ambiente repleto de nada.
Agora estou sozinho em um conjunto vazio
E caminho por ruas desguarnecidas de poesia,
Transponho pessoas de espirito oco.
Me perdi diante de tanto nada
Embaralhei minhas pernas
Tentando desviar das pedras
Que complicavam o caminho,
Senti na boca o amargo sabor do despovoado,
Beijei lábios com acre desolador,
Perdi minhas palavras
Na saliva que apaga.
Na ilusão do descampado
O amor era objeto raro,
Miragens de sua imagem,
Desarrumam sua verdade,
Banalizam aquela vontade.

Agora que compreendi as cores do nada
Agrego o vazio até a raiz da alma,
Infiro em minha vida outra vida vadia
Que é nada vezes nada,
Vazio por vazio,
Um olhar esquecido em um dia perdido.
Mas percebo que não há pigmento na solidão do relento
Somente a mesma falta de cor que abastece a dor.
Sigo sozinho,
Sozinho num caminho vazio.


Eduardo Andrade 

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