sábado, 9 de novembro de 2013

A palavra não dita

Não escreva o que foi dito
Escreva somente aquelas palavras guardadas,
Conservadas no seu âmbito,
Trabalhadas em sua ideia.
Não utilize as palavras corriqueiras
Que diariamente jogamos sobre a mesa
Escolha somente aquelas que guardamos na memória,
Afinal são com as palavras que tentamos traduzir a alma,
Para tal tarefa não podemos inibir o termo
Tão pouco se deve usufruir das sentenças carregadas de soberbas,
Não podem elas expressar a simplicidade das palavras não ditas
Por isso não escreva com as palavras que moram na boca,
Não cabe nelas poesia,
Compreenda que não se faz um poema com palavras vazias
Deve o verbo ter em si uma pitada de magia,
Transbordar sentimento de suas bordas.
A palavra da poesia
Não é uma sentença de vida
É somente uma compreensão dela
Sem pretensões de verdade.
A palavra da poesia
É a palavra não dita
Que laboramos numa hora desprovida de tempo
Em um tempo despovoado de momento
Portanto,
Não escreva o que a boca deixa cair por terra
Nem se utilize do termo que jogamos no chão,
Use somente a palavra guarda e trabalhada
Na distração dos sentidos,
Amada antes mesmo de ser palavra.

Eduardo Andrade

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