segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Poeira

A vida passa na poeira que vai,
Vai além do que não é mais.
A poeira voa e some junta a vida que passa
É tudo terra, tudo se esvai em terra
Teu sangue, tua carne
Nada mais do que poeira
Que o vento leva
Deixando de ser o que era.
Tudo passa diante a vida
A vida passa por ela
Mas você não passa,
Só continua
De olhos vidrados
Diante tua tumba.
Esquece o mundo
Que roda e roda,
Mas você não roda,
Não gira junto com ponteiro
Apena se prostra diante tua hora.
Sempre de costa
Para o momento que é agora,
No fronte nunca encara tua alma.

Em muitos momentos se perdeu
Junto à poeira do tempo,
Ante ao medo.
Foram réplicas do que não era,
Cópias de cópias,
Todas sem data e nem hora
Jogadas ao vento,
Comidas pela terra.
Agora já era
Tua vida esvai na terra,
Tua voz é nó,
Apenas espera
Pela vida que não espera,
Que era
Nesse momento em que cruza as pernas.
Mais um minuto, muito mais segundos
Perdestes as pernas
Numa sala de espera.
Agora que fecha teus olhos
Torna-se poeira
De baixo da esteira.
Sonho de poeira,
Vida na esteira,
Tudo passa
Junto com a hora
Que empurra a vida
Sempre adiante,
Sempre distante
Daquela estante
Onde guarda o instante.
Não posso mais ir adiante
Perdi agora o meu instante.
Deixo assim,
Minha vida na estante
Para quem queira,
Talvez quem sabe,
Entender meu momento
Nesta estante.

Eduardo Andrade

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