Deixei algumas palavras
morrerem na garganta,
esqueci-me delas ali,
e assim o fiz porque dói dize-las,
assim como dói tê-las a cada segundo
batendo nos lábios,
coçando a língua,
arranhando a garganta,
pedindo para serem ditas,
nem que ao menos seja para as paredes,
ditas ao vento.
Muitas folhas foram borradas
com as palavras que expressavam
a inquietude da alma,
que faziam cinza o horizonte,
que vaziam da vida
nada mais que uma folha
cheia de palavras
e vazia de poesia.
Sendo assim,
quebrei todas as palavras
e pus todas as letras sobre a mesa,
assim pude vê-las,
ressignificá-las dentro de minha nova
vida
e dessas novas palavras
postas em minha frente
escrevi uma nova narrativa
onde o enredo era uma estrada de
terra,
com rios e montanhas,
pássaros cantando coisas da vida,
cachorros latindo a canção da lua,
a chuva molhando o chão,
uma cachoeira ali no canto com seu
canto,
árvores araucárias e nelas redes
onde possa dormir
e sonhar um novo sonho,
continuar essa história
que começou com as palavras
que antes tornavam acre o paladar,
que borravam o papel
e que hoje adocicam a boca
e escrevem uma nova vida.
Eduardo Andrade
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