Fiz contos de pêssegos silvestres para contar um pouco
de sua alva beleza, quis desbravar mares e rios, caminhei para longe e tentei
de forma desesperada decompor tua imagem em forma de poemas, sonetos e tristes
versos de cetim. Em meu canto fiz de minhas lágrimas versos insanos, porém
sinceros, fiz em minha lira flores e primaveras. Com teu nome conjuguei
imperiosamente palavras amorosas, fiz nele minha louca morada e por muitas
vezes perdi-me dentre suas letras, me confundi em suas sílabas celestes e de
tanto perder-me por estrelas e poemas, perdi-me de forma plena de seu aroma de
amora serena.
Sim, dedico-lhe cantos de Mariana,
cantos feitos em nossa cama, não só na cama, dedico-lhe cantos de encanto onde
o desencanto foi bússola de meu meus contos. Perdi-me em nosso fim, confundi-me
com o termino da primavera e com a cabeça despedaçada não me atentei para
chegada do imperioso inverno e de pele nua fui pela rua e sob a chuva sentido o
quão pode ser dura uma vida sem lua, o quão pode ser suja a existência
insegura. Mas de tanto perder-me e caminhar por alamedas perdidas, pude sozinho
encontrar meu caminho, mesmo sem ti, pude sozinho decompor nosso amor em
diversas facetas e assim pude em meu logradouro, esmiuçar cada fragmento de
nossa vida.
Precisei para me reconstituir, sair
de nosso lar, afastar-me de nossa cama, mas para onde ia sempre esteve comigo
tua inexorável imagem, acompanhava-me seu indelével perfume e assim fui entre
sorrisos e lamentos, entre momentos solitários onde sua pesada ausência fez-se
presente em minha alameda, onde me perdi e perdendo transformei sua imagem de
bela dama em uma estátua rígida de uma tirana fria. Mesmo querendo desconstruir
vossa imagem soberana não pude fazer-te uma pintura sem vida e hoje tenho em
minhas mãos fragmentos, peças de um quebra-cabeça onde tento novamente refazer
vossa imagem, onde desesperadamente tento trazer-lhe de volta à nossa cama.
Porém, hoje, mesmo longe de ti,
mesmo sem ter-lhe em minha cama dedico-lhe meus cantos em forma de poemas, o
meu e o nosso poema, que fizemos em noites de ardente amor, onde nossos corpos
suados fizeram por si próprios, versos que se desenhava constantemente o
desejo. Dedico-lhe meus poemas feitos em suas madeixas, feitos com cada fio de
vosso cabelo imperioso, do qual me fiz guardião e pude acariciá-lo de forma
humilde. Dedico para ti este livro feitos de lágrimas, e desespero, de uma ininterrupta alegria ao lembrar-me de
nossa vida, são para ti minha amada que escrevi e continuarei a escrever esses
meus versos tão seus.
Eduardo Andrade
Eduardo Andrade
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