segunda-feira, 22 de abril de 2013

Uma dedicatória para ti


Fiz contos de pêssegos silvestres para contar um pouco de sua alva beleza, quis desbravar mares e rios, caminhei para longe e tentei de forma desesperada decompor tua imagem em forma de poemas, sonetos e tristes versos de cetim. Em meu canto fiz de minhas lágrimas versos insanos, porém sinceros, fiz em minha lira flores e primaveras. Com teu nome conjuguei imperiosamente palavras amorosas, fiz nele minha louca morada e por muitas vezes perdi-me dentre suas letras, me confundi em suas sílabas celestes e de tanto perder-me por estrelas e poemas, perdi-me de forma plena de seu aroma de amora serena.

            Sim, dedico-lhe cantos de Mariana, cantos feitos em nossa cama, não só na cama, dedico-lhe cantos de encanto onde o desencanto foi bússola de meu meus contos. Perdi-me em nosso fim, confundi-me com o termino da primavera e com a cabeça despedaçada não me atentei para chegada do imperioso inverno e de pele nua fui pela rua e sob a chuva sentido o quão pode ser dura uma vida sem lua, o quão pode ser suja a existência insegura. Mas de tanto perder-me e caminhar por alamedas perdidas, pude sozinho encontrar meu caminho, mesmo sem ti, pude sozinho decompor nosso amor em diversas facetas e assim pude em meu logradouro, esmiuçar cada fragmento de nossa vida.

            Precisei para me reconstituir, sair de nosso lar, afastar-me de nossa cama, mas para onde ia sempre esteve comigo tua inexorável imagem, acompanhava-me seu indelével perfume e assim fui entre sorrisos e lamentos, entre momentos solitários onde sua pesada ausência fez-se presente em minha alameda, onde me perdi e perdendo transformei sua imagem de bela dama em uma estátua rígida de uma tirana fria. Mesmo querendo desconstruir vossa imagem soberana não pude fazer-te uma pintura sem vida e hoje tenho em minhas mãos fragmentos, peças de um quebra-cabeça onde tento novamente refazer vossa imagem, onde desesperadamente tento trazer-lhe de volta à nossa cama.

            Porém, hoje, mesmo longe de ti, mesmo sem ter-lhe em minha cama dedico-lhe meus cantos em forma de poemas, o meu e o nosso poema, que fizemos em noites de ardente amor, onde nossos corpos suados fizeram por si próprios, versos que se desenhava constantemente o desejo. Dedico-lhe meus poemas feitos em suas madeixas, feitos com cada fio de vosso cabelo imperioso, do qual me fiz guardião e pude acariciá-lo de forma humilde. Dedico para ti este livro feitos de lágrimas, e desespero,  de uma ininterrupta alegria ao lembrar-me de nossa vida, são para ti minha amada que escrevi e continuarei a escrever esses meus versos tão seus.

Eduardo Andrade

Nenhum comentário:

Postar um comentário