a Carlos Drummond de Andrade
Caminhava eu
e o poeta
Pelas ruas
da cidade,
Junto tentávamos
medir
O tamanho da
noite,
Queríamos
descobrir
Quanto silencio
cabe em suas horas.
O poeta
caminhava comigo
Tínhamos
como fardo
O sentimento
do mundo,
Mas sabíamos
bem
Que as dores
do mundo,
Assim como
suas alegrias,
Não caberiam
em nossos corações,
Por isso
caminhamos
E juntos
gritamos
Todo esse
sentimento
Que entope
nossos peitos.
Eu e o poeta
Conversamos uma
conversa muda
Onde nos entendíamos
através do silêncio,
Até que
paramos num banco
E ali
sentamos,
Sentamos de
costas ao mar
Interessava-nos
somente o homem,
O bicho
homem,
Assim ficamos
sentados
Analisávamos
a vida,
A vida dos
homens,
A mesma que
eu e o poeta vivemos.
Talvez fosse
muito mundo,
Talvez fosse
pouco ombro
Não seriamos
capaz
E exatamente
por isso,
Transformamos
a vida em poesia,
Pois entala
o que não cabe no peito.
Continuamos sentados
Mudo continuávamos,
Foi ai que
entendi
Que não
conversava o poeta,
Mas com sua
estatua.
Sendo assim,
poeta,
Deixo contigo
Em tua fria
imagem
Minha muda
mensagem,
Deixo em
tuas mãos
O sentimento do mundo,
Pois este
não cabe nas minhas.
Eduardo
Andrade
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