segunda-feira, 31 de março de 2014

Meias palavras

Ficaram palavras presas na garganta
Estacionadas ali ficaram
Deixando de ser palavra,
Tornaram-se meias palavras
E quanto mais ali ficavam
Menos eram palavras
E assim todas as palavras
Que tinha em minha garganta
Deixaram de ser termo.
Transformou-se
Garganta em garagem
De palavras mortas,
De palavras que não são mais palavras.
Restou apenas
Um amontoado de meias palavras
Desprovidas de seu sentido,
De sentimentos confundidos.
Agora que somente carrego
Resquícios de palavras na goela,
Já não tenho mais nada a dizer,
Resta-me apenas o silêncio.


Eduardo Andrade

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