sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Rumo ao mar

Não existia nada antes da estrada
Era um lugar desabitado,
Um jardim sem flor.
Tive que percorrer centenas de quilômetros.
Por rios, vales e montanhas
Tive que ser só,
Vi o mundo ser inverso.
Tantos dias entre a terra e o céu.
As horas eram eternidades
Estava aprendo a ser o que sou,
Descobrindo minha identidade
Numa estrada rumo ao mar.
Deixei meus medos soltos
Para que voassem junto ao vento
Que soprava meus cabelos
E cantava em meus ouvidos
Essa musica que você compôs.
Tantos quilômetros,
Outros tantos tombos
Marcaram meu corpo
Fizeram mais leve
E mais forte a alma.
Em cada curva, a cada subida
Via que estava acontecendo
Uma mudança nesse que sou.
Enquanto pedalava só por essa estrada
Libertava-me de meu medo,
Aprendia a amar tudo que é vida.
Fui pássaro que voa livre,
Fui árvore que ama a terra.
Deixei em cada cidade um pouco de mim,
Levei de cada cidade um pouco de suas partes
E assim foi crescendo a vida.
Ficou de lado o que um dia machucou
Pus no alforje um novo amor.
Depois de longos meses
Tendo como companhia as estrelas,
Cruzando as serras das Gerais
Vi a noite virar dia
E azul do céu juntar-se com o mar.
Então o que era vazio ocupou-se
Por uma aquarela de vida.
Diante o mar
Já não existiam lágrimas para chorar,
Nem dores que pudessem pesar a alma.
Tudo era novo
O mar abria um novo horizonte
Onde tudo que era necessário
Era a simplicidade desse teu amor.
Então na imprevisibilidade da vida
Apareceram teus cabelos
Em seguida teus desejos
E então você me falou
Que desenhou o nosso amor
Num laço que uniu a lua ao mar.

Eduardo Andrade

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