“Hoje acordei com
olhos de pranto,
com um lamento em forma de canto.
hoje transformo lamentavelmente meu canto
em conto de tristeza e penar
de uma noite fria e sem vida,
de um amor pelo tempo esquecido
e adormecido no olhar de um perdido.”
com um lamento em forma de canto.
hoje transformo lamentavelmente meu canto
em conto de tristeza e penar
de uma noite fria e sem vida,
de um amor pelo tempo esquecido
e adormecido no olhar de um perdido.”
Te amo como qualquer
coisa infinita,
posto que nosso amor é
morbidamente finito.
Amo sua cabeleira
preta, sua doce boca,
seus lábios de pão e
mel,
amo seu colo infinito,
sim amo seus fartos e
diminutos seios,
pois simplesmente te
amo,
sem pensar ou
compreender.
Amo nossa cama minha
dama,
adoro nosso lar que não
existe,
venero nosso
inexistente cão,
amo nossos imaginários
filhos,
pois almejo um futuro
ao lado teu.
Não, não te amo e
assim é
por que te amo.
Te amo e não te amo,
assim como qualquer
coisa ambígua.
Te amo de forma
controversa,
te quero toda
descoberta
porque não te amo.
Amor, não te amo,
te amo mas somente em
sonho.
Que triste desengano,
que doce querer,
que saudades do seu
gemer ao amanhecer,
que loucos eram seus
gritos no escurinho
e ao entardecer o que
dizer de nosso longo gozo?
Te amo porque és
louca,
porque é dama e dona,
sim dona de minha cama,
mas nunca santa.
Não te vejo com uma
estatua vestida, sem
vida,
sem desejo e perdida.
Vejo-te nua, loucamente
nua!
vejo-te crua,
cruelmente nua!
Então é isso, não te
amo, pois de
tanto amar-te
desamei-me
e justamente por isso
te amo!
Ai ai que louco
devaneio
de uma menta insana,
que dança, pois te ama
doce dona.
Venha dama, mas não
venha.
Compreendes a antítese?
Entendes agora que
porra
louca é o encontro
de dois ditosos
amantes?
Agora eu compreendo
o desencontro que faz
de
dois amentes, dois
estranhos suspeitos
que falam pela boca
coisa pouca, coisa boba,
mas que sentem no
deitar e no pensar
uma paixão louca, um
amor tristonho
de um remoto pretérito
descomposto
nas confusões e de
mentes insanas.
Sim, sim, sim minha
lira é triste,
meus versos são
sorumbáticos,
pois carrego no peito o
estilhaço
de um passado, um
espelho quebrado
que reflete somente
pedaços.
Carrego comigo apenas
fragmentos
de você loca dona,
sim, não te levo inteira
em minha alameda. Mesmo
assim te levo em partes
pois não saberia viver
sem ter ao menos doces
e belos pedaços de ti
minha dama.
Como quero não te
amar,
mas continuo a
amar-lhe.
te amo mesmo tentando
não te amar
não te amo porque
insistentemente te amo.
De tanto te amar e não
amar
criei em meu ser um
amor sem fim
construí um querer de
ti que se fez
ao tentar esquecer-te.
Arranco-te de minha
pele
para que possa dormir
sem seu odor,
parto meu coração
para que possa
subtrair em mim meu amor por ti.
subtrair em mim meu amor por ti.
E assim fiz em mim um
amor sem fim,
fiz-me insano, fiz-me
sozinho
para que assim possa
sempre poder ouvir,
mesmo que de longe, seu
doce canto.
Eduardo
Andrade do Nascimento

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