Minha pátria
É um
descampado
De pratos
vazios,
De bocas
famintas,
É um
logradouro
Onde corre
solto
O uivo dos
lobos,
Todos engravatados
Diretamente de
Brasília.
Minha pátria
É um curral
eleitoral
De ovelhas
pastoreadas
Pela esfaimada
matilha parlamentar,
É um recanto
tão pouco soberano,
Um relento
para quem não tem abrigo ao vento.
Talvez seja
minha pátria
Uma grande
nação sem noção,
Sem rumo e
nem direção,
Um povo
contido atrás de seus medos,
Acanhando por
ignorar o seu passado,
Calado com
socos, tapas e chutes,
Morto com
tiro que atiram os lobos.
Essa é a
minha pátria
Que tanto
ignoro na minha ignorância,
Esse é meu
imenso descampado
Que não é meu
não é seu, não é nosso.
Sim, minha
pátria é uma propriedade privada,
Um latifúndio
onde não se enxerga o fundo,
Nada mais
que uma campina vazia.
E nessa
pátria
Que nunca
foi pátria,
Que nunca
foi casa para o seus,
Para seus
filhos desfavorecidos,
Desprovidos de
terra, comida e abrigo.
Somos todos
sem terras
Somos todos
sem teto
Assim somos
todos
Nessa nossa
nunca pátria.
Nessa pátria
de donos
Colocaria a
propriedade e os proprietários
Todos juntos
na mesma privada
E daria uma
boa descarga,
Talvez assim
essa pátria
Pudesse ser muito
mais que um descampado,
Talvez pudesse
ser
Minha pátria
Sua pátria
Nossa pátria.
Eduardo Andrade
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