quinta-feira, 6 de junho de 2013

Gosto de amora

Em meus lábios já não sinto o doce sabor da amora
Somente o amargo sabor de outrora,
O agudo sabor do absurdo,
O inesperado paladar de naufragar
Na beirada de um mar profundo,
Sinto somente o palato salgado
Desse oceano de águas choradas.
Talvez tenha me acostumado com o gosto da amora
E tenho agora que provar que me acostumar
Com o amargo sabor da tormenta,
Com o azedo da hora sem hora,
Com o acre paladar desse momento
Onde tudo que vejo é relento,
Mar e vento.

Durante algum tempo estive perdido no gosto da dor,
Viciado degustando a tristeza sobre minha mesa
Não percebia que o que me puxava era a corrente da solidão.
Perdi meu olhar na terra de que zarpei
E depois de tanto mar me acostumei a olhar para trás
Sem ao menos o ver que vinha pela frente,
Assim fui sem olhar o horizonte a diante
Procurando aquele horizonte já distante.
Fui mar adentro por um caminho afora
Provando as palavras do vento, o sabor da chuva,
O sal amargo desse mar de pecados.
Porém o vento que sopra no mar
Nem sempre traz consigo o sabor da tormenta
Pode vir com ele novamente céu de amores,
Um oceano calmo sem mais sabor de acaso,
Um horizonte a diante com terra firme e constante
Com aroma de flor e gosto de amora.

Eduardo Andrade

Nenhum comentário:

Postar um comentário