segunda-feira, 10 de março de 2014

Minha definição insânia

O que sou nesse mundo que insiste em não ser, é possível ser nessa existência que distorce as formas da realidade, ou apenas, somos o que podemos ser na incerteza do que do que não sabemos?  Nessa realidade repleta de lados, onde a mesma cor pode assumir novas formas, novas cores, deixando de ser o que era ou deixando de ser o que nunca foi, procuro a minha faceta escondida entre os tons de uma aquarela, busco na pluralidade um pouco de verdade, busco em todos os lados minhas partes, para que assim, quem sabe, possa decodificar o que sou nesse mundo que não é.

Uma vez diante dessas dúvidas que a vida faz, perguntou-me, em voz de interrogatório, o que sou nessa vida disfarçada de esquina, o que sou nesse mundo repleto de absurdos, de momentos nulos? Essa foi à pergunta que minha consciência fez e insistentemente faz depois de acordar e antes de dormir, mas é uma pergunta que respondo mudo, é uma pergunta que me tira a voz, que me deixa mudo diante o mundo, que faz silêncio no momento em que desejo saber o que me faz e desfaz. Sem saber ao certo, sei bem o que sou mesmo não estado correto.

Nessa história onde me descubro procurando o que não sou, aprendi a ser somente o que preciso, não vou ser sem necessidade, pois somos aquilo que precisamos ser assim descobri que nada disso que sou é tudo aquilo que poderia ser. Em suma, pela parte que me cabe, sou avantajado de orelhas, normal de nariz, rico em cabelos, magro de corpo, pequeno de pé, amante das mulheres, humilde de coração, homem de bem, verde de espirito, chato de cabeça, livre nas ideias, moreno de pele, complicado com as palavras, incapaz para os cálculos, conhecedor da história humana, de passos rápidos, apaixonado por mares, estrelas e cachoeiras, caminhante de trilha e areias, vagaroso para as resposta, sou morador do mundo imaginário, vivente noturno, de apetite insuportável e inabalável, incansável desordeiro, apaixonado pela gastronomia, muitas vezes inimigo da rima, forte quando preciso sensível se necessário, maconheiro e bebedor de esquina, esquerdista e poeta por infortúnio da vida.

Talvez seja essa a definição do que eu ache que seja essa personalidade minha tão impermeada pelas as coisas da vida, tão saturada de coisas de esquina, cheia da poesia que escrevo todos os dias nas páginas já tão amareladas dessa vida que não é só minha vida que é de todos que caminham comigo por essa alameda de cores infinitas, de poesias ainda não escritas, de amores vividos, de prantos nunca esquecidos. Assim sou eu para mim, mas não para você, sou o que sei ser sem nem mesmo entender se é isso mesmo ou se é aquilo. De certo sou qualquer coisa entre isso e aquilo, sou múltiplo e único, sou um sonho absurdo.


Eduardo Andrade        

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