sábado, 17 de junho de 2017

No olhar

Tantas palavras ditas num olhar
Sussurradas em lágrimas.
O tempo foi perdido em palavras que não foram ditas,
Fracionado em silêncios.
Tão pouco foi o que restou.
Nossos olhos que só sabem se olhar
Falam o que escondemos na garganta,
Cantam silenciosamente nossa música,
Insistem no que foi desdito
Dizem, redizem e persistem
Na mesma e única poesia.
Nossas bocas mudas e encabuladas
Perdidas entre nossos olhares
Contradizem nossos olhos,
Criam um hiato em nosso laço.
Tão vazio é o silêncio,
Tão grande e surreal.
Nossas bocas se perderam
No vácuo dos nossos olhos.

Eduardo Andrade

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