segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Em minha bicicleta

Com medo dos dias que se anunciavam
Montei em minha bicicleta e fui embora,
Cansado de fugir de minhas tormentas
Pedalei em direção a tempestade.
Sozinho diante nossos medos
Somos tão pequenos.
Na estrada a chuva cantava
A melodia de tudo que não é mais,
O vento soprou no meu ouvido
Palavras com sabores ocos.
Enquanto suava dor por ladeiras
Subi meus medos de bicicleta,
Atravessei tantas serras
Que minhas pernas ainda berram
O silêncio de inúmeras pedras.
Perdido e vencido
Achei na terra o gosto do sangue,
Partido e repartido
Não contive meu grito quando cai.
Como um trovão
Berrei meus medos,
Sob chuva chorei minha vida,
Limpei meu corpo das tormentas.
Da tempestade que molhou os dias
Reergueu-se o sol,
Continuei sozinho por essa estrada
Em minha bicicleta rumo ao mar.

Eduardo Andrade

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