terça-feira, 31 de julho de 2012

NA AREIA



Um dia de tanto querer-lhe
não lhe quis mais, sim não mais,
não quero saber mais de seus cabelos,
seus doces pelos não me interessam mais.
Hoje não quero mais tua boca,
seus beijos com gosto de pêssego,
não me atraem mais seus lindos seios,
seu suado colo macio.
Não quero um futuro ao teu lado,
mas sonho, somente devaneio diante
a ilusão de um porvir.
Mas não haverá entre tu e eu um amanhã,
não há futuro entre nós, somente pretérito,
doce e nostálgico,
confuso e visivelmente
enterrado por dezenas
de pares carregadas
de arenoso passado.

Pois é na areia que deixo
alegremente nosso passado.
Sim, deixo no mar junto
com as ondas, para salgar
o que um dia doce foi.
Deixo com as ondas a indelével missão
de arrancar-te de meu peito,
de tirar de minha boca
seu paladar de fruta madura.
Não quero mais seus
cantos de sereia,
pois são como castelos
de areia desfazem-se
com a vento e a onda.

O que sobrou de nós
o vento leva,
o que ficou do amor
o mar carrega
e o que não foi
enterro na areia
de uma praia bela.
Não quero mais essa
chaga que afligi minha
cama, não quero mais lágrimas
umedecendo minha almofada.
Agora meu quarto não recorda mais
a vida passada, não é mais fonte de
solidão de um lembrar de ti.
Hoje quero em minha vida
somente um presente onde
sou e não és, onde tua imagem
alada não mais se forma
em minha retinas ao
fechar dos olhos.

Na areia é onde enterro-te,
onde acabo meu amor por ti.
Deixo nas areia de uma bela praia
sua imagem tão amada, deixo na areia
nosso amor, que não é mais. Inumarei
seus beijos, seus seios e seu colo
no encontro do rio com o mar, onde
as areias sãos mais doces e salgadas.
Sobre a cova de nosso amor semearei
uma linda flor, pois por mais que seja
finita nossa história, ela ainda se faz bela.
Por fim deixo de ti saudades sem fim
sem fim és a saudade de ti,
pois és em mim narrativa sem fim,
fábulas de um amor que saem da vida
e viram contos de sereia
tumbados na areia.

Eduardo Andrade do Nascimento.

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