Um dia de tanto
querer-lhe
não lhe quis mais, sim
não mais,
não quero saber mais
de seus cabelos,
seus doces pelos não
me interessam mais.
Hoje não quero mais
tua boca,
seus beijos com gosto
de pêssego,
não me atraem mais
seus lindos seios,
seu suado colo macio.
Não quero um futuro ao
teu lado,
mas sonho, somente
devaneio diante
a ilusão de um porvir.
Mas não haverá entre
tu e eu um amanhã,
não há futuro entre
nós, somente pretérito,
doce e nostálgico,
confuso e visivelmente
enterrado por dezenas
de pares carregadas
de arenoso passado.
Pois é na areia que
deixo
alegremente nosso
passado.
Sim, deixo no mar junto
com as ondas, para
salgar
o que um dia doce foi.
Deixo com as ondas a
indelével missão
de arrancar-te de meu
peito,
de tirar de minha boca
seu paladar de fruta
madura.
Não quero mais seus
cantos de sereia,
pois são como castelos
de areia desfazem-se
com a vento e a onda.
O que sobrou de nós
o vento leva,
o que ficou do amor
o mar carrega
e o que não foi
enterro na areia
de uma praia bela.
Não quero mais essa
chaga que afligi minha
cama, não quero mais
lágrimas
umedecendo minha
almofada.
Agora meu quarto não
recorda mais
a vida passada, não é
mais fonte de
solidão de um lembrar
de ti.
Hoje quero em minha
vida
somente um presente
onde
sou e não és, onde
tua imagem
alada não mais se
forma
em minha retinas ao
fechar dos olhos.
Na areia é onde
enterro-te,
onde acabo meu amor por
ti.
Deixo nas areia de uma
bela praia
sua imagem tão amada,
deixo na areia
nosso amor, que não é
mais. Inumarei
seus beijos, seus seios
e seu colo
no encontro do rio com
o mar, onde
as areias sãos mais
doces e salgadas.
Sobre a cova de nosso
amor semearei
uma linda flor, pois
por mais que seja
finita nossa história,
ela ainda se faz bela.
Por fim deixo de ti
saudades sem fim
sem fim és a saudade
de ti,
pois és em mim
narrativa sem fim,
fábulas de um amor que
saem da vida
e viram contos de
sereia
tumbados na areia.
Eduardo Andrade do
Nascimento.
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