terça-feira, 14 de julho de 2015

Em duas rodas

Dividi meu peito em dois lados
não sei que parte me reparte,
nem que lado me desfaz.
Fracionei minha alma em alas antagônicas
pus-me na fronteira da incoerência.
Coloquei minha barraca na zona do absurdo
e dormi noites de devaneios entre meus segmentos.
Perdi-me na incoerência em ser o que não sou,
fiz do passado mortalha pus nele sonhos e medos,
desde então ando perdido com receio dos sonhos,
deixando que eles se tornassem remotos.
Agora que me encontro entre dois caminhos
devo abicar de uma das partes para que a vida seja serena,
descobrir que vida se encaixa a minha
e transformar sonhos em algo papável
para que não escorram dentre os dedos.
Não é vida o que se vive sem sonhos
e nem vivo está quem sobrevive com medos.
Talvez seja nos medos que tornamo-nos fortes,
talvez sejam os sonhos que nos faça humanos.
Muitas são as perguntas que se abrem
tão poucas são as respostas.
São tantas mentiras vendidas como premissas
que é necessário abster-se dessa “realidade”
numa jornada em que sozinho se busca o próprio caminho,
onde sozinho já não se vive o medo.
Ao poucos me desprendo de onde me prendo,
arrumo meus desejos na mochila e ponho o pedal na vida.
Em duas rodas com meu alforje livre me forjo,
na estrada me edifico junto à poeira que levanta da vida,
nas noites de lua vou dormir com as estrelas
e acordar ao lado de um rio de águas serenas. 
Um beijo é tudo que deixo
naqueles que ainda vivem nesse mundo de medos,
nada mais que um beijo,
precisarei do resto para ser inteiro.
Daquele amor que acabou
deixo que o pretérito o conjugue e conjure,
não vou nesse caminho com velhas dores,
quero o sabor de um novo amor
quero as dores de um novo desamor,
novas lágrimas e um sorriso novo.


Eduardo Andrade

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