quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Teu relógio

Me dá o teu relógio
Que o tempo não importa,
O passado está escrito em tinta seca
Num livro perdido de histórias.
Esquece a canção dos ponteiros,
Pois foi no relógio onde perdi
A poesia dos teus olhos.
Deixa o pretérito calado,
Deixa passar o passado
Como um cometa sem calda nem rastro.
Faz do teu relógio uma roda louca
Não cabe em nossas bocas
Palavras desgastadas pelo tempo,
Desbotadas por pequenas histórias.
Me dá o teu relógio
Nele não cabe nossa história,
O tempo é tão pouco
Para aquilo que não tem ponto.
Enquanto girava o mundo
Nasceu dos nossos desencontros
A poesia necessária para nosso reencontro.

Eduardo Andrade

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