Muitas
vezes temos medo de ser felizes, temos medo de viver o que queremos
viver para sermos felizes. E assim somos pois nos prendemos ao que é
imposto pela sociedade com seus padrões de felicidade. Para que
sejamos felizes em uma sociedade como a nossa temos que ter um
salário consideravelmente superior ao mínimo, temos que ter bons
carros e uma casa luxuosa. Imperioso se faz ser urbano, de concreto e
asfalto, pois quem opta por uma vida verde e rural não é visto como
normal, não mesmo, é louco pois teve a ousadia de não se adaptar a
loucura urbanóide, teve a humildade de assumir para si mesmo que
seria feliz longe de buzinas, internet e asfalto.
O que
faz uma pessoa largar uma grande cidade e todo sua frenética vida e
adaptar-se ao antagônico do que vivia antes? Será um anomalia
seguir o fluxo contrário dos fluxos migratório? Seria insanidade
não viver conectado de olho em um mercado, de olho em computadores
que vigiam a vida alheia? Sim para essa sociedade não é normal não
ser o que eles querem! Sim não vou adaptar-me ao asfalto asfixiante
e muito menos aos canos de descarga de automóveis poluentes, não
quero uma vida de escritório, não me encanta passeios em florestas
urbanas de pessoas friamente estranhas. Gostaria sim de viver em um
cidadela onde não se escute o barulho nada alucinante de uma boate
de musicas duvidosas, onde não seja o perfume de sua janela a fumaça
de um cano de descarga, onde possamos ver ao invés de prédios de
alturas urbanas, árvores de alturas campestres, quero sentir cheiro
de mato verde e não de óleo queimado.
Nos
grandes centros urbanos o tempo não tem tempo para si mesmo, pois 24
horas não são suficiente para seu frenético expediente. As horas
não comportam minutos e nem segundos suficientes paras as exigências
de um mercado intransigente e assim a vida das pessoas voam mais
rápidas que os ponteiros dos relógios, se consumem em lojas e
comidas industrializadas e futilizam-se em programas televisivos com
temas abusivos e conteúdo extremamente ordinário. Não podemos
esquecer que além da TV e suas audiências massivas existe uma outra
mídia que domina, a internet hoje também se faz massiva e de pouco
em pouco, ou melhor, de muito em muito, já banaliza as coisas da
vida, a cor da comida e até mesmo os seios e os quadris de uma
chica.
Malditos
urbanóides que não têm tempo para olhar o próprio tempo, para
suas cores, seus atores e amores, não conseguem se adaptar ao verde
campestre, ou até mesmo ao verde silvestre, urbanóides não gostam
de cachoeiras e florestas, praias desertas para eles não são
singelas. Preferem sim shopping centers e praias cheias, boates e
noites sem estrelas, preferem mulheres sinteticamente maquiadas e
vestidas urbanamente na moda do aço, do concreto e asfalto.
Urbanóides são frios, não se aquecem eles com o doce calor de um
sol selvagemente matinal, não caminham por trilhas que os levem
para cumes de vertiginosa e insana altitude. Urbanóides tem medo da
natureza, pois dentro dela sentem-se como presas, que de tão
indefesos tornam-se inimigos de uma mãe chamada natureza.
Admira-me
pessoas que no auge de seus desprendimento urbano não somente se
abstêm de uma cultura de concreto e aço, como são capazes de
superar tal cultura massificante abandonando tudo aquilo que os
aprisionam nessa selva de asfalto embraçador e prédios
verticalmente longos. Superar a selva de concreto e inverter o fluxo
migratório faz-se inexorável para aqueles que tanto almejam uma
vida humilde com cheiro de mato, com árvores de secular existência.
Escrevo esse texto para aqueles que aceitam o imperioso desafio de
uma vida humilde e natural, onde nossas músicas de ruas são
pássaros de silvestre canto, onde homens e mulheres são
naturalmente belos e assim são por seu habitar. Amigos e amigas que
sentem suas almas aprisionadas por correntes de concreto, fumaça e
aço libertem-se de seus sonhos urbanóides, sejam adeptos de seus
sonhos silvestres, amem o verde, viva nele e faça amor em doces
gramados verdes.
Eduardo
Andrade do Nascimento.
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