quinta-feira, 13 de setembro de 2012

CARAVELAS




Suas caravelas centenárias trouxeram para nossa terra
não somente tua cultura de um povo lusitano,
não só tua bravura de pátria desbravadora dos mares.
Não foi somente tua língua de mãe que abraça,
não foi somente as cores de tua flamula
aportaram nessas terras de além mar.
Tuas mercenárias caravelas de uma estirpe nobre e pouco portuguesa,
trouxeram para o bravio novo mundo a ganância de uma elite,
as ambições de um império ultramarino onde as garras da coroa lusitana,
não somente rasgaram a pele de nossos povos originais,
como também saquearam todas nossas riquezas
e na sede de destruição dizimaram um povo e sua cultura.

Não contentes com a submissão do povo daqui,
sua sanguinárias caravelas foram para terras africanas
e de lá vosso império maldito mais uma vez soou
as trombetas da besta imperial, usurpando de uma terra
seu povo, seus reis e rainhas, príncipes e princesas,
mais uma vez a coroa portuguesa pesa suas garras
sobre as turbas de outras terras.
Que destino maldito desenhou-se sobre vosso império que insiste em
tumbar as terras por ti conquistada,
que fado é esse que sustentas sobre nossa terra
para que vossa nobreza ostente seus caprichos de elite.
Quanto ouro e prata foi necessário para que construísse seu império de cadáveres dourados,
esse teu reinado de tumbas prateadas de povos saqueados?

Teu exercito em nome de um Deus Europeu,
suas tropas de clérigos treinadas na torpe incumbência de catequizar uma cultura milenar,
sujaram de sangue nosso território sagrado e de forma obstinada dedicaram-se
em “sublimar” um povo aos costumes do homem branco, europeu.
Que pedagogia sinistra, vocês jesuítas, usaram para cristianizar nosso povo nativo,
Ratio Studiorum solapando tradições, corpos e mentes,
crucifixos, batinas, hóstias e missas para lavagem cerebral.
Pedagogia do terror para dominar, espadas para conquistar
e assim foi configurando-se nossa saga de colônia lusitana,
nossa fábula escrita por uma coroa falida
que usurpava nossa natureza para uma metrópole inglesa.

Mesmo com toda espoliação e opressão não faço de meus versos
um canto de repúdio ao povo português, não faço de meu conto
linhas de preconceito, pois carrego em meu peito a solidariedade e
internacionalismo, sentimentos fraternal de todos os povos!

Eduardo Andrade do Nascimento.

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